É claro que a Valak, a Freira do mal estaria de volta para atacar mais uma vez. E A Freira 2 (The Nun 2, 2023) vem aí para ser um novo capítulo na bilionária franquia de Invocação do Mal e capitalizar com o sucesso que há anos esses filmes vem fazendo. Lá em 2018, o longa fugiu um pouco da curva do que os filmes anteriores haviam apresentado, mas se apoiou em trazer uma nova ameaça, vinda da figura do demônio que aparece na forma de uma religiosa.
E anos depois as freiras ganharam um maior espaço em Hollywood, aqui estamos com um novo filme que definitivamente exorciza a lembrança amarga do primeiro, realmente entrega um filme extremamente superior e que consegue entregar, enfim, uma boa história para esses personagens.
Talvez seja o par de olhos (vocês vão entender essa referência quando verem o filme) e uma visão mais fresca do trio de roteiristas Ian Goldberg, Richard Naing e Akela Cooper para a história e os personagens que fazem A Freira 2 ser um filme extremamente superior e que quase entrega um reboot para a franquia. Cooper, responsável por sucessos como Maligno e M3gan, talvez seja o principal nome a se prestar atenção no gênero atualmente.
Fica claro que seu trabalho é sentido aqui, principalmente por conta que A Freira 2 tenha totalmente uma pegada mais girl power com não só o retorno da Irmã Irene de Taissa Farmiga (anos luz melhor aqui do que lá em 2018) mas também a introdução da figura da Irmã Debra (Storm Reid, em um excelente ano e destaque em três grandes projetos). Na sequência é como se Farmiga assumisse o papel que tenha sido de Demián Bichir no primeiro filme, e isso faz maravilhas para esse novo filme.
Claro, A Freira 2 não é tão abençoado assim de entregar um filme perfeito, afinal, o longa apresenta uma narrativa quebradiça que foca em dois núcleos específicos que desenvolvem paralelamente, mas quando as tramas se unem e conseguimos ver, e principalmente entender o que a história quer contar e os planos do demônio Valak, tudo fica muito mais interessante de se assistir.
Acho que realmente A Freira 2 se destaca quando segue a linha de O Exorcista do Papa, terror que foi lançado alguns meses atrás e que se apoiava, claro no carisma do ator Russel Crowe, mas também na investigação nos Arquivos do Papa. Dá para dizer que A Freira 2 entrega um filme um pouco mais complexo do que aquele, mas realmente se garante em construir uma mitologia muito mais interessante para a franquia Invocação do Mal e realmente muito mais ameaçadora do que os filmes anteriores, seja focados na boneca Annabelle, ou em um caso real de true crime, por exemplo.
Claro, alguns truques narrativos e uma dose de sobrenatural apelam um pouco aqui, mas como falamos, vindo do que tivemos em A Freira lá de 2018, tudo são flores, anjos querubins voando por aí, e harpas do céu tocando.
Ao apresentar para espectador o destino da Irmã Irene após os eventos do primeiro filme, A Freira 2 mostra que o mal está sempre à espreita quando uma série de novos eventos, que aparentemente são desconexos um dos outros, começam a surgir por várias cidades da Europa.
Estamos nos anos 50, e em uma cidade na França, um padre entra em combustão na frente de um coroinha. Isso tudo é apenas o começo da uma investigação que o Vaticano quer que a Irmã Irene faça, afinal, ela já teve contato com a criatura anteriormente.
Farmiga, e talvez por conta da personagem ter se desenvolvido e amadurecido, entrega bons momentos e está muito bem, principalmente em cenas com Reid. Particularmente uma das minhas cenas preferidas da personagem no longa é quando a Irmã Irene está em um beco parada na frente de uma banca de jornal e percebe de alguma forma Valek retornou.
E não só ela, o personagem Frenchie (Jonas Bloquet) que aqui agora conhecemos chamar Maurice está de volta, e trabalha em um internato, depois de também ter sobrevivido aos eventos do primeiro filme. E assim, enquanto vemos o personagem criar laços com a professora Kate (Anna Popplewell dos longas de As Crônicas de Nárnia) e a filha dela Sophie (Katelyn Rose Downey) que vivem no instituto, a conexão desse grupo com a história que Irmã Irene investiga se torna parte da trama principal.
O diretor Michael Chaves parece que realmente aprendeu muita coisa depois de sua passagem por Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio lá de 2021, e realmente aposta em cenas realmente interessantes, e de querer desviar o olho, de se acompanhar aqui em A Freira 2, e claro, também se tomar susto.
A liberdade que o roteiro tem de dar para o demônio a forma que quiser, é bem utilizada, e não ficamos presos na concepção inicial da Freira, que mesmo assustadora nessa forma, tem. Outros momentos que o demônio aparece causam uma certa aflição de ver assistir, principalmente quando assume a figura de um animal que aterroriza as jovens do instituto em uma das partes do filme.
A ambientação escura, a trama que o espectador precisa encaixar as pistas, e até mesmo as boas reviravoltas, fazem de A Feira 2 um filme extremamente superior do que o primeiro. A régua estava lá embaixo, mas aqui, milagrosamente Chaves e o time de roteiristas fazem um bom trabalho. Não é todo dia que vemos uma sequência ser melhor que o primeiro filme, onde o que temos aqui é uma ressurreição digna e que não ofende o gênero ou a franquia Invocação do Mal de modo geral.
Ps: O filme tem uma 1 cena pós-créditos.
Onde assistir A Freira 2?
A Freira 2 chega nos cinemas em 7 de setembro.