A franquia de animação A Era do Gelo foi um grande negócio para a antiga 20th Century Fox, hoje 20th Century Studios e uma divisão dentro da Disney. Colocou a produtora Blue Sky Studios no mapa, afinal, lá em 2002, foi o primeiro longa deles e que arrecadou mais de 300 milhões de dólares com um orçamento modesto. E alguns bons vinte anos, vários filmes depois, uma fusão e um catálogo de propriedades intelectuais disponíveis para alimentar um serviço de streaming desesperado por conteúdo para brigar na Guerra dos Streamings, A Era do Gelo e seus personagens icônicos, estão de volta numa nova aventura só que agora lançada diretamente no Disney+.
É motivo para comemorar sim. Mesmo que sinto que com A Era do Gelo: As Aventuras de Buck (The Ice Age Adventures of Buck Wild, 2022) a retomada da franquia chega sem o mesmo brilho do que a franquia teve uma vez foi no passado. Com esse novo filme parece que o gelo derreteu e o que sobrou foi só um fio de água do que uma vez foi alguma coisa realmente divertida, inesperada e que passava um sentimento de estarmos vendo alguma coisa nova e revigorante.
A Era do Gelo – As Aventuras de Buck é ruim naquilo que se propõe e oferece? Absolutamente não. Faz um bom divertimento, trás os personagens de volta para matarmos a saudades e tudo mais, mas ao assistir o filme, senti que o longa não sai disso. Não trouxe nenhuma história que realmente valesse a pena estar com esses personagens de volta mesmo que ao mesmo tempo foi muito legal estar de volta com boa parte deles. Em A Era do Gelo – As Aventuras de Buck, a trama agora foca nos espevitados Crash (voz de Vincent Tong no original) e Eddie (voz de Aaron Harris no original) que ainda vivem com o bando de animais da Era glacial que conhecemos lá nos outros filmes da franquia como Manny (voz de Sean Kenin no original), Sid (voz de Jake Green no original) e Diego (voz de Skyler Stone no original).
Só que aqui, nesse novo filme, a dupla quer viver suas próprias aventuras, fora da asas, ou seria da tromba?, da irmã Ellie (voz de Dominique Jennings no original) e partem para fazer isso acontecer! Os gambás tomam a decisão de deixar o grupo para viverem isso, e acabam por pararem no Mundo Perdido novamente onde lá vão viver uma nova e empolgante (para eles!) aventura e descobrir alguns significados importantes sobre amizade e a importância da família. É o clássico filme infantil com umas piadas, umas cenas bonitinhas e personagens espirituosos. E o roteirista Jim Hecht, que anteriormente trabalhou na franquia, juntamente a dupla Ray DeLaurentis e Will Schifrin parecem acertar em trazer os personagens de volta com o mesmo tom de antes, mesmo que efetivamente a história e a trama envolvida seja a mais básica possível. Imagino que A Era do Gelo – As Aventuras de Buck tenha sido planejado, com o texto pensando e focado para um público menor, ainda menor do que os filmes de A Era do Gelo lá do início da década de 2000, e por mais que pessoalmente não tenha ficado satisfeito com diversas partes entendo que para as crianças deva funcionar.
Afinal, o longa coloca os personagens de Crash e Eddie nessa missão de encontrarem um novo lar com a ajuda de Buck Wild (voz de Simon Pegg no original) e de sua parceria Zee (voz de Justina Machado no original). Mas nem tudo vão ser flores para esse grupo de animais falantes e hiperativos. O dinossauro cabeçudo Orson (voz de Utkarsh Ambudkar no original, aqui ótimo) e seu exército de raptors estão ali para atrapalhar os planos dos nossos protagonistas. Orson, uma vez já expulso do Mundo Perdido, quer sua vingança contra Buck e arma um plano infalível para conseguir aquilo que planeja.
Todos esses personagens tem um passado juntos, e agora estão de volta para uma aventura, mas antes vão precisar colocar suas diferenças de lado para salvar o Mundo Perdido das garras de Orson. A Era do Gelo – As Aventuras de Buck tem então doses de pequenas aventurinhas que vão por se formar até o embate final entre o bem vs o mal (clássico), onde primeiro nossos personagens acham que não vão se dar bem por conta de suas personalidades diferentes mas percebem que precisam colocar elas de lado para salvar o lugar que eles decidem chamar de lar.
Em tempos de opiniões polarizadas e discussões acaloradas sobre qualquer coisinha, desde das mais importantes, quanto as mais triviais, A Era do Gelo – As Aventuras de Buck consegue divertir ao mesmo tempo que passa uma mensagem interessante, mesmo que talvez o sentimento de frescor da franquia uma vez tenha tido tenha ficado para atrás.
A Era do Gelo – As Aventuras de Buck chega em 28 de janeiro no Disney+.