Com direção e roteiro de Scott Z. Burns, O Relatório foi um dos destaques do Festival de Sundance 2019, e vem sido cotado como uma das apostas para o Oscar para o ator Adam Driver e a atriz Annette Bening.
Sinopse:
Neste thriller político, o funcionário do Senado Daniel J. Jones descobre segredos chocantes sobre métodos de tortura ao liderar uma investigação sobre o Programa de Detenção e Interrogação da CIA após o 11 de Setembro.
O que achamos:
O Relatório (The Report) chega aos cinemas nacionais após ter estreado no Festival de Sundance, no começo do ano, já com um Oscar Buzz bastante precoce. Claro, 2019 pode se dizer o ano de Adam Driver nos cinemas, onde o ator vem com dois filmes bastante cotados para a temporada de premiações – O Relatório, o drama História de Casamento, e ainda o último longa da nova trilogia Star Wars que devem dar para o ator bastante destaque na mídia nos últimos meses do ano.
Mas realmente O Relatório tem toda essa força? Sim, o filme poderia ter escalado qualquer outro ator em Hollywood para contar a história de Jones, mas, aqui, o longa se garanta, talvez, na presença impressionante em tela de Driver, sendo que na atuação do ator que é onde o filme ganha sua força.
Driver nos entrega uma figura que beira a obsessão com uma força de vontade gigante para terminar o quase impossível documento – o tal do relatório do título que analisou milhões de outros documentos e chega a ter mais de 6 mil páginas – para provar e detalhar as ações da CIA, no final da administração Bush/Cheney e início do governo Obama, e as consequências dos atentados terroristas de 11 de setembro.
E passado quase uma década dos eventos, o filme deixa claro que a comunidade de inteligência do país, talvez, não tenha se recuperado 100% das consequências que os traumáticos atentados, onde O Relatório tem em seu roteiro uma problemática faca de dois cumes. Aqui, no mesmo tempo que o longa é extremamente didático ao nos apresentar os fatos, as datas, e a linha do tempo que levou a criação e aprovação pela CIA das técnicas aprimoradas de interrogatório (que consistiam em afogamentos, privação de sono, exposição à músicas altas, entre outras coisas), o filme também peça pela simplicidade que as coisas são apresentadas em tela.
Assim, O Relatório consegue contar sua extensa e complexa história de uma forma simples, em que usa seus personagens para mostrar, em seus diálogos, tudo aquilo que vimos há poucos momentos em tela nos documentos desvendados por Jones junto com sua equipe. A impressão que passa é o que o roteiro parece querer pegar na mão do espectador para contar sua história de uma forma quase ilustrativa dos fatos.
E já na metade do filme, quando já fomos apresentados para todos os principais nomes, que não são poucos, envolvidos na investigação de Jones ao longo do filme, vemos a cada bloco, ou ano de investigação, um resumo daquilo que foi apresentado para a personagem da atriz Annette Bening (muito boa por sinal) como a Senadora Feinstein.
Isso tira um pouco do ritmo do longa, mesmo que não a faça ser ruim, ou cansativo, apenas que O Relatório se perde um pouco em termos de edição, onde acabe por ficar um pouco truncado em sua proposta.
As informações apresentadas, os dados, e tudo mais, apenas mostram a incapacidade de certos funcionários da CIA, do Senado, e dos comitês criados para investigar em conseguir olhar para a questão de uma forma não partidária.
Em O Relatório, fica claro que política sempre foi e sempre será um jogo perigoso, onde a castelo de cartas pode cair a qualquer instabilidade possível. As boas atuações de nomes conhecidos como John Hamm, Maura Tierney, e Michael C. Hall, o tema polêmico e recente na memória americana devem dar para o filme uma chance nas próximas premiações. Nada mais justo para seu elenco e a importância do tema.
O Relatório chega em 7 de novembro nos cinemas.
Filme visto na 43ª Mostra Internacional de São Paulo.