sábado, 23 novembro, 2024
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Batman | Crítica: Novo filme do personagem comandado Matt Reeves impacta por ser a mais sombria e violenta versão do Vigilante de Gotham

Não tenha dúvidas, Batman é um dos personagens mais conhecidos do mundo. E não é por menos que temos tantas encarnações dessa figura complexa ao longo dos anos. Já tivemos mais atores interpretando Batman do que qualquer outro personagem dos quadrinhos.

E boa parte delas começa sempre com o arco de origem que conhecemos: garoto rico perde os pais, fica órfão e lá na frente se torna um Vigilante mascarado na cidade de Gotham. Mas depois de uma encarnação super recente assim por dizer, a Warner Bros. e o diretor Matt Reeves se juntam para fazer uma outra. Mais uma? diz você leitor. Sim, mais uma. O que Batman (The Batman, 2022) tem de diferente de todas as outras? O tom.

Robert Pattinson em cena de Batman
Foto: Warner Bros Pictures

O Batman de Reeves nos entrega um filme super mais impactante do que as outras versões. É quase como se estivéssemos vendo a versão de Christopher Nolan sem nenhuma amarra misturada com a versão de Zack Snyder em Batman Vs Superman e o Batman mais amargo que Ben Affleck trouxe para a tela (aqui a minha versão favorita do personagem até então). Mas a diferença aqui, e com o Batman de Robert Pattinson (Tenet, Bom Comportamento), é que temos uma mudança em quem é, e como está emocionalmente, essa figura, coisa que cria uma versão do personagem totalmente nova e quase única em sua proposta. O Batman que Reeves e Pattinson constroem não é *o* Batman que sempre dá as caras por aí…É um Batman em formação. É como se eles tivessem colocado rodinhas no Bat-móvel e o personagem tem sua carteira provisória para bater nos bandidos e ainda está no começo em criar sua marca de terror na medida que o Bat-Sinal se levanta pelas noites em Gotham.

E assim, Reeves e Pattinson criam uma versão extremamente sombria, mais violenta, e assim, muito mais raivosa assim por dizer para esse personagem. Mas graças ao trabalho de Pattinson em conseguir expressar esses sentimentos, mesmo com uma máscara cobrindo seu rosto durante boa parte do filme, o ator entrega também um Batman mais humano.  Aqui o Batman de Pattinson ainda tanta aprender a lidar com tudo isso, sua nova persona, e seus erros. O personagem vê as consequências de seus erros afetar a cidade de Gotham que está na beira do caos e dominada por mafiosos que estão enraizados na sociedade e no sistema que compõe os pilares da cidade. Até que alguém decide desmarcar essa farça e também tentar desmascarar a figura desse vigilante mascarado ao mesmo tempo.

O mais interessante aqui em Batman é ver Reeves criar uma Gotham pré-dominação dos vilões, e trabalhar com a recente aparição de um ser fantasiado de morcego que surge pela noite. E para isso o trabalho de Reeves é incrível. O diretor cria um ambiente em que a tensão é crescente, quase claustrofóbica, em que você sente o tempo todo um sentimento de inquietação ao assistir e que tudo é possível de acontecer a qualquer minuto. Isso se dá pela incrível trilha sonora e nos momentos em que o filme coloca o espectador no lugar do personagem de Robert Pattinson.

Desde as primeiras cenas até os grandiosos minutos finais, Batman sabe deixar o espectador na ponta da cadeira para tentar adivinhar o que vai acontecer. E ao colocar o Batman em ritmo de colisão com o arquiteto desse caos todo é que Reeves consegue elevar o filme todo de uma forma muito mais interessante. Afinal, o que faz o Batman um personagem sedutor também é a sua galeria de vilões, e as figuras que ele precisa enfrentar, onde aqui em Batman, Reeves escolheu alguns dos mais bacanas para se trabalhar. Como falamos Robert Pattinson dá conta do recado e brilha mais como o Vigilante do que como Bruce Wayne, mas é com os personagens de Paul Dano e Zoë Kravitz que o filme se eleva, ganha uma complexidade sem tamanha e se torna muito mais do que eu, particularmente, esperava que fosse.

Zoë Kravitz e Robert Pattinson em cena de Batman
Foto: Warner Bros. Pictures

As charadas e pistas dadas pelo personagem de Dano e sua voz sombria (que são muitas e algumas vezes dão voltas entre si), e a sagacidade de Kravitz em conseguir criar uma Selina que está ali para fazer o que é melhor para si e não ser efetivamente uma vilã, mas sim uma personagem que navega entre uma zona cinzenta são o toque final que dá para o filme, e para o Batman alguma coisa digna para se lutar além de bater em capangas no metrô a noite. A ascensão desses vilões está intrinsecamente ligada com a ascensão do Batman em si, e esse trabalho de criação desses personagens está muito bem feito pelas mãos de Reeves. E não só Dano e Kravitz que são os destaques o mesmo vale para o irreconhecível Colin Farrell como Oswald Cobblepot que será conhecido lá na frente como o Pinguim.

É interessante para quem acompanha esses personagens há anos, vemos Batman, pois esses personagens, em suas versões em formação, ainda não são conhecidos ou chamados por esses nomes. Batman não é Batman é A Vingança, o Charada não tem esse nome e outros diversos vilões da lista da galeria de vilões das HQs também acabam por dar suas caras de formas bem sutis e quase como se fossem easter-eggs (prestem atenção!). 

Jeff Wright e Robert Pattinson em cena de Batman
Foto: Warner Bros. Pictures

Na medida que o Batman, o mordomo Alfred (Andy Serkis), e o detetive Gordon (Jeff Wright numa das melhores versões do personagem) precisam investigar as pistas deixadas nas diversas cenas do crime que assola Gotham e suas figuras conhecidas é que temos os vislumbres de tudo que esperamos de um filme do personagem: as discussões morais, os dilemas sobre a linha que personagem cruza, a pancadaria, e claro as lutas contra os inimigos. Tudo está ali, embalado num filme que vem como um presente para os fãs, e os fãs das HQs do personagem. O “Charada” entrega suas pistas Para o Batman e Reeves entrega um filme para os fãs que devem se deliciar com essa direção muito mais alucinante, sem freio nenhum, e perturbadora.  

No final, o que temos é um filme impactante, que é difícil de dirigir logo de cara, onde Reeves e um elenco liderado por Pattinson, fazem de Batman um acerto fantástico.

Avaliação: 4 de 5.

Batman chega nos cinemas em 3 de março já com sessões de pré-estreia no dia 1º de março.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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