Infiltrado Na Klan (BlacKkKlansman, 2018) faz sua estreia no Brasil durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Com direção de Spike Lee, o longa estreou no Festival de Cannes desse ano, onde venceu o Grande Prêmio do Júri.
Confira o sinopse:
No início dos anos 1970, época de grandes convulsões sociais e luta pelos direitos civis, Ron Stallworth torna-se o primeiro detetive afro-americano no Departamento de Polícia de Colorado Springs. Mas sua chegada é recebida com ceticismo e hostilidade por parte da divisão. Destemido, Stallworth resolve fazer a diferença em sua comunidade e parte em uma perigosa missão: se infiltrar e expor a Ku Klux Klan.
O que achamos:
Poderoso, atual e faz um dos filmes mais importantes do ano. Infiltrado Na Klan usa de um humor bem peculiar para falar de questões espinhosas de uma forma completamente diferente do que se espera uma produção do gênero.
Spike Lee, que também assina o roteiro junto com o trio Charlie Wachtel, David Rabinowitz e Kevin Willmott, realmente não poupa nada e fala sobre racismo, violência policial e até mesmo sobre políticos megalomaníacos nesse seu novo filme de uma forma ousada e cativante. E mesmo com o pano de fundo nos anos 70, o roteiro acaba por se encaixar como uma luva ao fazer um paralelo com a situação atual dos EUA (e de boa parte do mundo!) que fica cada vez mais tensa, principalmente, depois das eleições que colocaram Donald Trump no poder.
A produção sofre com seu ritmo, onde Infiltrado na Klan em suas mais de 2 horas não chega a cansar, apenas, peca em querer contar uma história que se estica por demais em alguns momentos e precisa desenvolver muitas das questões que o filme e o diretor quer contar. O grande chamariz fica com toda a trama envolvendo os dois policiais (um branco e outro negro) que usam o nome de Ron Stallworth onde, o filme faz uma divertida comédia policial, em que ambos seus atores, John David Washington e Adam Driver, estão fantásticos e tem uma química gigante em tela.
Mas, como o filme não é somente sobre isso, o roteiro acaba por incluir muitas outras sub-histórias na trama, onde Infiltrado no Klan faz uma produção inchada e que desperdiça momentos em tela com diversos personagens secundários, como, por exemplo, toda a questão da mulher do membro da KKK que quer ter seu momento de glória, a trajetória dos Panteras Negras e claro, todo o envolvimento do verdadeiro Ron com a ativista Patrice (Laura Harrier, usada apenas para uma humanização do personagem mesmo que a atriz esteja muito boa no papel).
No final, Infiltrado Na Klan vai a fundo ao tratar de temas que estão tão enraizadas na nossa sociedade que é preciso um filme como esse para passar uma mensagem direta, com um olhar mais afiado. O longa acerta então, ao escancarar situações quase surreais que aconteciam no passado mas que continuam a se repetir até os dias de hoje e são mostradas nos impactantes momentos finais.
Infiltrado No Klan é um despertador que toca incansavelmente para nos acordar de um pesadelo e faz um filme que fará o espectador parar, pensar e analisar comportamentos e opiniões disfarçados de preconceitos.
Visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Previsão de estreia no circuito nacional para 22 de novembro
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