Sequências de ação grandiosas que deixará o espectador boquiaberto e na ponta da cadeira.
Aquaman (2018), talvez, fosse um dos filmes do ano que mais tinha uma pressão em volta de sua produção. Bem, primeiro, por toda a sua concepção não é mesmo? Nos quadrinhos, Arthur Curry governa Atlântida, um reino perdido submerso, e então, necessariamente, as cenas da adaptação para o cinema precisariam se passar embaixo d’ água, certo? E claro, Aquaman ainda tinha a obrigação moral, mais do que tudo, de ser mais um acerto, numa lista com mais derrotas, para a DC Comics.
Mas aí 2018 começou e Aquaman que estreava no final do ano, ficou embaixo do radar, conseguiu terminar sua pós-produção, até que teve seu primeiro trailer lançado na SDCC e foi super elogiado. E o filme, graças, em parte, ao seu diretor, James Wan, conseguiu superar todos esse problemas e entrega uma produção grandiosa em todas as escalas.
Aquaman, consegue ao mesmo tempo, ser uma clássica história de origem de personagem com uma trama de aventura épica e ainda entrega personagens super cativantes. Mas, talvez, a parte que o que o filme mais se destaque, seja com sua fotografia. Visualmente impactante, o visionário e talentoso James Wan, consegue criar em Aquaman, um mundo completamente novo, de tirar o fôlego com efeitos visuais caprichados, com um cuidado nos detalhes e nas pequenas coisas que chega a impressionar.
No filme, temos, por exemplo, cavalos-marinhos, onde quem assiste consegue ver os pequenos pontos que formam o corpo das criaturas aquáticas feitas por computação gráfica. Assim, o espectador se prestar atenção, conseguirá ver o movimento da água bater à medida que as criaturas passam e flutuam em tela.
A equipe de produção, também acerta, na criação dos reinos submersos e dos povos que vivem neles, e faz com que essas passagens acabem por ser um prazer à parte de se acompanhar, onde a cada momento e a cada cena, a vontade é parar o fillme, congelar a tela, e repturar o momento para virar papel de parede para o celular ou para o computador. E ainda, na parte da superfície, temos boas escolhas de cenários, onde as sequências em terra firme que também são beneficiadas por lindas paisagens de cidades à beira mar e que são banhadas pelo pôr do sol e pelas águas cristalinas.
Assim, Aquaman, entrega um filme com um visual de cair o queixo e James Wan, consegue criar uma atmosfera única e nova para seus personagens ganharem vida em tela, onde fidelidade é a palavra chave que marca o trabalho do diretor em Aquaman. Os visuais tanto de Aquaman e Mera são idênticos aos quadrinhos, mas é com os vilões que Wan se supera. O traje de combate do Arraia Negra, que usa um capacete preto com os olhos que atiram lasers vermelhos, o deixam com um ar bastante ameaçador, já a armadura do Mestre do Oceano, roxa e com detalhes em prata, é completamente bem construída e consegue transmitir um ar feroz e implacável para o Rei Atlante, num acerto tanto da equipe de figurino e quanto de caracterização do longa.
Assim, quase tudo em Aquaman brilha e reluz, como se fosse o sol batendo no mar em águas cristalinas. O roteiro escrito por David Leslie Johnson-McGoldrick e Will Beall, vem de uma história criada por Geoff Johns e o próprio Wan e consegue, ainda em poucas cenas, dar uma noção para o espectador onde a história se encaixa nos eventos da timeline do chamado Universo Cinematográfico da DC. Mas, um dos maiores acertos do texto, é conseguir que Aquaman, seja uma história isolada dentro desse Universo, como se o filme tivesse pernas próprias e faz uma coisa que o selo da Warner Bros deveria ter feito desde do começo.
O material rico dos quadrinhos, deve proporcionar uma experiência muito mais interessante para quem conhece a história, mas Aquaman consegue, também, ser uma história que o público geral deve conseguir se envolver com os personagens e suas motivações. Na trama, vemos um Arthur Curry (Jason Momoa, o nome certo, sem dúvidas, para o papel) dividido entre ser um humano e um atlante. Assim, conhecemos o passado do personagem, via flashbacks, de como seus pais se conheceram e ficaram juntos mesmo sendo de reinos e mundos diferentes.
Essas passagens, até que são bem colocadas na história, mesmo que em alguns momentos o roteiro fique um pouco didático e auto-explicativo demais. Aquaman, serve, assim como, Mulher-Maravilha (2017), para nos apresentar para um novo mundo, e com isso, talvez, o filme, às vezes, falhe em gastar uma boa parte da história para apresentar personagens e situar o espectador nesse novo ambiente. Mas, graças ao visual caprichado e a química enorme entre Momoa e Amber Heard – que brilha sem tamanho como a destemida Mera – Wan consegue desviar dessa onda que poderia ser perigosa em termos de narrativa.
Aquaman é o típico filme que deve agradar os mais diferentes tipos de público, o longa tem romance, Arthur e Mera fazem aquele famoso casal vai-ou-não típico de produções americanas, tem uma pitada de humor, Momoa sabe trocar aquela chavinha entre ser ameaçador e hilário, e o filme se garante e muito em suas várias sequências de ação que são grandiosas e que deixará o espectador boquiaberto e na ponta da cadeira.
As batalhas entre os seres marinhos (temos o Aquaman surfando em um deles completamente bad-ass) e toda a busca pelo tridente de Poseidon, são passagens que movimentam a trama, acabam por serem sacadas interessantes para a criação de uma mitologia própria e única para o filme.
Vemos que Wan, bebe de fontes de outros filmes de aventura, como a franquia Star Wars e também Indiana Jones. No filme, o tal tridente que falamos acima, está perdido há anos e segundo a lenda apenas é digno para o verdadeiro herdeiro de Atlântida. E com isso, Aquaman é marcado por intrigas reais com um toque um pouco shakespeariano, onde os conflitos familiares entre os dois filhos da Rainha Atlanna (a Oscarizada Nicole Kidman que rouba a cena), Arthur e Orm (Patrick Wilson, que segura as pontas nas partes dramáticas) lembram um pouco a trama que deu super certo da animação Rei Leão e no excelente Pantera Negra.
Ainda falando sobre os personagens, essa lista gigante que o filme apresenta, é, talvez, o ponto onde Aquaman deixe seus problemas ficarem um pouco mais evidentes, num dos poucos pontos negativos que a produção apresenta. Aqui, o excesso de personagens nesse mundo dos reinos submersos, fazem com que eles sejam serem apresentados bem rapidamente e alguns vão e voltam na trama sem muita explicação. Tudo isso, acaba por deixar o filme um pouco mais inchado, com muitos personagens com poucas funções em tela como é o caso do Conselheiro Vulko (Willem Dafoe um pouco mal aproveitado) e do Dr. Stephn Shin (Randall Park).
Mas, numa virada da maré, nada disso faz Aquaman ficar a deriva e ser um filme ruim. Ao contrário, o longa é uma tomada de ar depois que emergimos de uma grande onda, onde James Wan, com seu olhar perfeccionista e sua habilidade de criar e moldar personagens, consegue realmente criar uma produção para lá de interessante, num filme mesclado com boas atuações e efeitos especiais bem feitos.
No final, Aquaman acaba por ser um blockbuster de respeito, um senhor blockbuster que esbanja carisma e excentricidade, na mesma proporção de seu de ator principal, Jason Momoa.
Ps: O filme tem cena pós-crédito.
Aquaman chega em 13 de Dezembro nos cinemas.
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